sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

ATENÇÃO

Blog desatualizado por falta de inspiração literária. Leio muito, escrevo pouco.  A lua ainda está lá.  Ainda consigo ver seu tempo se desfazendo aos poucos, mas ela já não trás em seu sobro a voz que eu preciso.  A noite só me contagia de insônia. 

Tem a séria mania de escrever em terceira pessoa como um exercício de autorreflexão só para ver se ele enxerga fora do umbigo. Nunca vê além.

Corta a prosa em linhas,          
quebra
só para dizer
que fez poesia.

A rima ele deixa para o refrão de um violão com duas cordas.

Fim da atualização.

sexta-feira, 17 de julho de 2015

Rememoriar

Na gaveta, três rascunhos de um poema,
No bolso de outra calça perdi minha autobiografia

Já falei de meu nascimento
Sei que não chovia.

Quando deixamos de ser algo e passamos a ser outro?
Qual o nosso Ser que nos define?
Criança, adolescente, adulto, e depois o não-ser.
Lanço á mente a rememória
Rememoriar é meu novo verbo favorito.

Sou quase baixo, longe de ser alto.
Meus olhos mudam de cor.
Não sei se porque reflete luz ou se elas se perdem
Não sou muito, mas sou tudo que tenho,
Sou um homem quase bonito

Às vezes, parte da água de meu corpo,
possivelmente abstrata, foge lentamente e em cores,
não volta mais, fragmento de mar, talvez um pouco mentirosa.
Estou ficando velho, meu coração cresceu, meu peito não.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Faz tanto tempo que não escrevo que, tenho a impressão de estar vivendo fora de ordem. Ontem escrevi um poema estranho, sem coerência ou concordância, minha certeza era que ele só sairia amanhã. 
Sem rimas ou palavras cruzadas, sem ser visto ou revisto, escrevi e deixei como saiu: 

Batido, rachado, cheio de diferenças formais de regras. 
As vezes gostaria de assentar e escrever sem acento. 
Às vezes é difícil acertar todo dia.
O menino na padaria pede: “seis pão”, “seis pães”, corrijo mentalmente.
No fim, o peso é o mesmo ao terminar do dia.
No fim, ao terminar o dia de amanhã, voltarei para agora.
Lerei em voz alta a poesia não escrita [ainda], pedirei seus olhos emprestados.
Veja ouça leia:
Às vezes leva crase. Mas quando devo usar?

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Olhar em queda livre

Olhei do alto
Medo de cair ou desejo de pular?
Viver por hobby.

Sem desapego, sem desespero.
Sem coragem de divorciar o olhar.
Sem paraquedas
Um parapeito
Aquela nuvem cinza, pesada.
Um gancho, um convite.
Pular
O asfalto ainda seco.

O sax, a canção, a causa, o caos.
Sem efeito ou defeito.

O Nada é magnético.
Atraí, para o centro da Terra, ambos os polos.
Curiosidade abstrata de um voo.
A chuva purifica as saudades.
Lava a calçada.



terça-feira, 23 de setembro de 2014

Uma polegada de Tempo
Peso de uma tonelada
Bigorna no peito
Mão de metal raro

Capricorniano nasce velho
Minha idade fugiu a regra
Nasci atrasado
Ontém parecia mais apropriado

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Ao meu lado.

Encontrei perdido em algo bolso de um passado rasgado, alguns de meus poemas antigos. São lamentações de um jovem que acabava de iniciar sua vida literária lendo textos do Romantismo, três partes de uma Lira dos vinte anos, de um poeta triste, idade que eu me aproximava. Ao olhar aquelas linhas me senti voltando no momento em que as escrevia, olhava o garoto que almejava ser poeta. 


Notei o quanto eu falava sobre rosas, vento, vinho, o amor e a morte. Afinal é um ciclo e seus símbolos. Influência da idade, talvez. Vinte anos incompletos, começando a minha Lira. Ver aquele jovem ignorando semânticas, verbos e predicados, usando todo o potencial de seu ego criativo e pedante, do qual a origem, era um número muito reduzido de livro que havia lido, escrevendo suas linhas tortas em papel usado com uma velha caneta vermelha, me fez rir um riso cúmplice, de um amigo do futuro que sabe: seja um poeta de seu hoje, deixe o amanhã para mim. Quero chegar daqui a vinte anos, olhar para esse tempo e rir com o mesmo riso que tive hoje.